Sento-me no restaurante de sempre. O sol de inverno aquece-me a pele. Na mesa do quanto vejo uma mulher lindíssima: pele morena, olhos castanhos, longos cabelos negros. As feições suaves do rosto lembram-me outros amores. Os lábios encarnados de desejo despertam em mim um pulsar interior acelerado.
Almoço como sempre, como dantes. Os nossos olhos cruzam-se. Durante leves segundos conhecemo-nos no olhar. Viajo por entre o seu corpo, imagino as linhas, contornos e formas. Ela solta um leve sorriso tímido e atrevido.
Habitualmente não peço sobremesa, mas naquele dia apeteceu-me. Leite creme com açucar queimado. Convidei-a para se juntar à minha mesa. Ela sorriu, bebeu um gole de vinho e humedeceu os lábios.
Aproximou-se como quem dança sensualmente. Senti um gemido interior. Nada mais existia naquela sala: só eu e ela. O ar tresandava a um misto de paixão e receio. Era um ar quente sofucante. Desapertei a gravata e o botão da camisa.
- "Olá!"
- "Sou o Vasco."
Beijei-lhe vigorosamente as maças do rosto.
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