quarta-feira, novembro 01, 2006

Idade do juízo

Ao juízo nos homens dá-se o nome de maturidade. Sim mulheres, os homens também sentem essa chamada do juízo.

O juízo chega nas fases mais complicadas da nossa vida. A libertinagem alcoólica e sexual deixa de ser o mais importante. Damos valor a novas e simples atitudes, acções, olhares e toques. Descobrimos que o tempo é finito e que passa por nós como vento. Desvendamos os segredos da nossa vida e percebemos o que fizemos e não fizemos com ela. Descortinamos os amores que desdenhámos, com frieza e ironia de quem não quer responsabilidades, e as curvas da nossa rota que optámos por seguir. É este o momento de juízo da nossa vida: em que todas as certezas em que assentámos a nossa vida se desmoronam como baralhos de cartas. Como um tremor de terra igual ao momento em que aquele que supúnhamos ser o amor da nossa vida se evapora e nos deixa sozinhos, a olhar para as estrelas, à espera de uma explicação para o facto.

Somos anjos de uma asa só. Só conseguimos voar quando nos abraçamos um ao outro. O meu anjo será alguém único, forte e lindo. Alguém que me possa orgulhar e goste de mim pelo que sou. Que me agarre e puxe para o vôo. Que me estimule e me faça mais e melhor. Que aceite as minhas loucuras e não se sinta inferiorizada quando estou em alta e me apetece brilhar no firmamento. Alguém que compreenda que é mais difícil manter uma relação do que construir uma nova. Alguém que se empenhe com trabalho árduo na relação. Alguém que não me tome como garantido, porque eu sou estrela e tenho uma manutenção dispendiosa. Alguém verdadeiro.

Se eu quero isto tudo, espero conseguir dar isto tudo a alguém também. Por enquanto digo adeus ao que mais quero e vou fingindo que não vou voltar...

Até já.

5 comentários:

Andorinha disse...

Duas estrelas. Um kharma? Ou uma necessidade?

VCP disse...

Só tempo o dirá...

Mário disse...

O Poeta é um fingidor
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

..Aos poetas desta vida, que nunca lhes cortem as asas, apenas as correntes que os prendem à terra e não os deixam voar...

Grande Abraço

Sandrinha disse...

"Somos anjos de uma asa só. Só conseguimos voar quando nos abraçamos um ao outro"

Um destes dias vais voar feliz, tenho a certeza!

Anyone disse...

Alguém um dia escreveu: "Demos as mãos e voámos em asas de cartolina". O papel de arroz esfarela com o tempo...

Beijos.