quarta-feira, setembro 05, 2007

Olhar mediaval


Foto por vascocp

Quero à moda provençal
fazer agora um cantar de amor,
e quererei muito aí louvar minha senhora
a quem honra nem formosura não faltam
nem bondade; e mais vos direi sobre ela:
Deus a fez tão cheia de qualidades
que ela mais que todas do mundo.
Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo
quando a fez, que a fez conhecedorad
e todo bem e de muito grande valor,
e além de tudo isto é muito sociável
quando deve; também deu-lhe bom senso,
e desde então lhe fez pouco bem
impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela
Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,
mas pôs nela honra e beleza e mérito
e capacidade de falar bem, e de rir melhor
que outra mulher também é muito leal
e por isto não sei hoje quem
possa cabalmente falar no seu próprio bem
pois não há outro bem, para além do seu.

Dom Dinis

2 comentários:

Marta disse...

arranjaste alguma máquina do tempo?

:)

beijos

VCP disse...

Arranjei e ouvi originalmente o poema assim:

Quer’eu em maneira de proença!

fazer agora um cantar d’amor

e querrei muit’i loar lmia senhor

a que prez nem fremosura nom fal,

nem bondade; e mais vos direi ém:

tanto a fez Deus comprida de bem

que mais que todas las do mundo val.

Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,

quando a faz, que a fez sabedord

e todo bem e de mui gram valor,

e com tod’est[o] é mui comunal

ali u deve; er deu-lhi bom sém,

e desi nom lhi fez pouco de bem

quando nom quis lh’outra

foss’igual

Ca mia senhor nunca Deus pôs mal,

mais pôs i prez e beldad’e loor

e falar mui bem, e riir melhor

que outra molher; desi é leal

muit’, e por esto nom sei oj’eu quem

possa compridamente no seu bem

falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.





Só traduzi depois ;)