segunda-feira, dezembro 11, 2006

Cena II

(...) Nesse momento de redescoberta, sussurraste-me ao ouvido: tive saudades tuas.
As tuas palavras furaram-me os tímpanos como uma agulha afiada rebenta um balão de uma criança! Fiquei atordoado com esse sussurro! Afastei-me de ti um pouco e, quando senti a tua perna enleada a meu corpo, caí redondo no chão! Tu caíste comigo. Rimos tanto que parecíamos duas crianças e rebolar na areia molhada da praia. Como quem mergulha em ondas de 5 cm à beira-mar, fomos escorregando pelo chão frio. A sua temperatura arrefecia o ambiente escaldante. E nós, rindo. A nossa alegria iluminava a sala. O nosso riso ecoava por toda a casa. Já me doía a barriga de tanto rir. Tu estavas com aquela cara parva de felicidade... surpreendentemente parámos os dois de rir exactamente no mesmo segundo. Com uma expressão de cumplicidade arrebatadora, sorrimos os dois e abraçámo-nos. Um abraço profundo e tenro.

Levantei-me do chão. Dei-te a mão a puxei-te para o quarto ainda iluminado com as velas que me acompanhavam todas as noite ao deitar. O quarto cheirava a um misto de papoilas e castanhas. Estranhámos o odor, olhámo-nos e sorrimos.

Sem que eu desse conta, tiraste a blusa e a saia e enfiaste-te dentro dos meus lençóis. No meu olhar existia um sorriso. No teu um mistério. Sorriste-me e disseste: "Anda p'ra aqui! Está frio!"


1 comentário:

Anónimo disse...

O que mais doi é no fim, ver que a saudade so cresceu, porque nesses momentos de redescoberta nos recordamos de como fomos grandes.