terça-feira, outubro 30, 2007

O caminho

O caminho
Foto por vascocp
Pensas que só a ti isso sucedeu; admiras-te, como se fosse um caso raro, de após uma tão grande viagem e uma tão grande variedade de locais visitados não teres conseguido dissipar essa tristeza que te pesa na alma!? Deves é mudar de alma, não de clima. Ainda que atravesses a vastidão do mar, ainda que, como diz o nosso Vergílio, as costas, as cidades desapareçam no horizonte, os teus vícios seguir-te-ão onde quer que tu vás. Do mesmo se queixou um dia alguém a Sócrates: «Porquê admirar-te da inutilidade das tuas viagens,» - foi a resposta, - «se para todo o lado levas a mesma disposição? A causa que te aflige é exactamente a mesma que te leva a partir!» De facto, em que pode ajudar a mudança de local, ou o conhecimento de novas paisagens e cidades? Toda essa agitação carece de sentido. Andares de um lado para o outro não te ajuda em nada, porque andas sempre na tua própria companhia. Tens de alijar o peso que tens na alma; antes disso não há terra alguma que te possa dar prazer!

Temos de viver com essa convicção: não nascemos destinados a nenhum lugar particular, a nossa pátria é o mundo inteiro! Quando te tiveres convencido desta verdade, deixará de espantar-te a inutilidade de andares de terra em terra, levando para cada uma o tédio que tinhas à partida. Se te persuadires de que toda a terra te pertence, o primeiro ponto em que parares agradar-te-á de imediato. O que tu fazes agora não é viajar, mas sim andar à deriva, a saltar de um lado para o outro, quando na realidade o que tu pretendes - viver segundo a virtude - podes consegui-lo em qualquer sítio.

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

Durante o próximo mês vou andar a viajar. Umas vezes em trabalho, outras em férias. Sem passar pela casa partida e com poucas horas em Portugal para lavar as peúgas... mas vou com o espírito cheio de amor. Sei que não estamos destinados a um lugar específico, mas a nossa pátria, onde estão os nossos, será sempre a nossa casa.

Este 41m será a minha ligação onde contarei tudo o que a vida me dará durante este período.

Até já!

quinta-feira, outubro 25, 2007

no crepúsculo da razão






"No crepúsculo da razão - considerações sobre o terrorismo pós-guerra fria" é um livro lançado ontem, dia 25 de Outubro de 2007 na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, do meu amigo de infância Felipe Pathé Duarte. A editora é a Prefácio.

No prefácio do livro, o actual Ministro da Administração Interna, Dr. Rui Pereira, diz "Quaisquer sacrifícios são bem vindos: de prosélitos ou infiéis, em qualquer ocasião e em qualquer parte do mundo. Afinal, a salvação é o prémio dos mártires e os infiéis já estavam condenados de antemão."

Na dedicatório do livro tenho escrito os desejos do autor em que esta obra seja um apoio à compreensão do fenómeno (do terrorismo).

NOTA: Esta foi a minha primeira tentativa de fotoreportagem. Outras virão. Espero que gostem.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Box(es)

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Foto por vascocp

segunda-feira, outubro 22, 2007

Momentos I - XXI FITU "Cidade do Porto"

XXI FITU "Cidade do Porto"
Foto por Vasco Móra

XXI FITU "Cidade do Porto"

Quando o meu corpo voltar a reagir e o meu espírito deixar de estar embriagado com a felicidade de tocar no palco do FITU "Cidade do Porto" (organizado pelo Orfeão Universitário do Porto) , eu prometo que escrevo qualquer coisa!

Até lá, deixo-vos os resultados!

MELHOR ESTANDARTE: Tuna de Engenharia da Universidade do Porto.
MELHOR SOLISTA: Tuna Universitária de Aveiro
MELHOR PANDEIRETA: Tuna Universitária de la Universidad Católica de Colômbia.
PRÉMIO PÚBLICO: Tuna de Economia da Universidade do Porto.
MELHOR INTERPRETAÇÃO MUSICAL: Tuna Académica de Lisboa

3ª MELHOR TUNA: Tuna Universitária de Aveiro
2ª MELHOR TUNA: Tuna Académica de Lisboa
GRANDE PRÉMIO XXI FITU Cidade do Porto: Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico de Lisboa

terça-feira, outubro 16, 2007

Alegria é Felicidade Imediata

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Foto por vascocp
Quem é alegre tem sempre razão de sê-lo, ou seja, justamente esta, a de ser alegre. Nada pode substituir tão perfeitamente qualquer outro bem quanto esta qualidade, enquanto ela mesma não é substituível por nada. Se alguém é jovem, belo, rico e estimado, então perguntemos, caso queiramos julgar a sua felicidade, se é também jovial. Se, pelo contrário, ele for jovial, então é indiferente se é jovem ou velho, erecto ou corcunda, pobre ou rico; é feliz.

Na primeira juventude, abri certa vez um livro velho e lá estava escrito: «Quem muito ri é feliz, e quem muito chora é infeliz» - uma observação bastante ingénua, mas que não pude esquecer devido à sua verdade singela, por mais que fosse o superlativo de uma verdade evidente. Por esse motivo, devemos abrir portas e janelas à jovialidade, sempre que ela aparecer, pois ela nunca chega em má hora, em vez de hesitar, como muitas vezes o fazemos, em permitir a sua entrada, só porque queremos saber primeiro, em todos os sentidos, se temos razão para estar contentes. Ou ainda, porque tememos que ela nos perturbe nas nossas ponderações sérias e preocupações importantes. Todavia, é muito incerto que elas melhorem a nossa condição; em contrapartida, a jovialidade é ganho imediato. Apenas ela, por assim dizer, é a moeda corrente da felicidade, e não, como o restante, mero talão de banco, porque apenas ela torna imediatamente feliz no presente; por essa razão, é o bem mais elevado para seres cuja realidade tem a forma de um presente indivisível entre dois tempos infinitos. Assim, deveríamos antepor a aquisição e a promoção desse bem a quaisquer outras aspirações.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

segunda-feira, outubro 15, 2007

Deixem-me estar!

Deixem-me estar!
Foto por vascocp

quarta-feira, outubro 10, 2007

Nada é Tão Fatigante Como a Indecisão


Foto por vascocp
A fadiga (do homem da cidade) é devida a inquietações que poderiam ser evitadas por uma melhor filosofia da vida e um pouco mais de disciplina mental. A maior parte dos homens e mulheres não governam eficazmente os seus pensamentos. Quero com isto dizer que eles não podem deixar de pensar nos assuntos que os atormentam, mesmo quando nesse momento nenhuma solução lhes podem dar. Os homens levam muitas vezes para a cama as suas inquietações em matérias de negócios e, durante a noite, quando deviam ganhar novas forças para enfrentar os dissabores do dia seguinte, é nelas que pensam, repetidas vezes, embora nesse instante nada possam fazer; e pensam nos problemas que os inquietam, não de forma a encontrar uma linha de conduta firme para o dia seguinte, mas nessa semi-demência que caracteriza as agitadas meditações da insónia.

De manhã, qualquer coisa dessa demência nocturna persiste ainda neles, obscurece-lhes o julgamento, rouba-lhes a calma, de forma que qualquer obstáculo os enfurece. O homem sensato só pensa nas suas inquietações quando julga de interesse fazê-lo; no restante tempo pensa noutras coisas e à noite não pensa em coisa nenhuma. Não quero dizer que numa grande crise, por exemplo, quando a ruína está iminente, ou quando um homem tem razões para suspeitar que a mulher o atraiçoa, seja possível, a não ser a alguns espíritos excepcionalmente disciplinados, afastar o tormento nos momentos em que nada se pode fazer para o remediar. Mas é perfeitamente possível afastar as pequenas inquietações de todos os dias, a não ser que seja necessário enfrentá-las. É surpreendente como a felicidade e a eficiência aumentam quando se cultiva um espírito ordenado que pensa adequadamente no momento preciso em vez de inadequadamente em todos os momentos. Quando uma decisão difícil tem de ser encontrada, logo que se reunem todos os dados aplica-se ao assunto a melhor reflexão e decide-se; essa decisão, uma vez tomada, não deve ser corrigida, a não ser que se chegue ao conhecimento de novos factos. Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"

terça-feira, outubro 02, 2007

O Outro Lado das Corridas de Touros #2

O Outro Lado das Corridas de Touros #2
Foto por vascocp
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
esperas.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada
soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

Tourada
José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo

O Outro Lado das Corridas de Touros #1

O Outro Lado das Corridas de Touros #1
Foto por vascocp